Mês das migas de Mora
09:25:00O mês das migas de Mora, acontece todos os anos.
Câmara municipal de Mora, junta cerca de 10 restaurantes entre 4 zonas (Brotas; Cabeção; Pavia; Mora), servindo como prato principal, as migas.
Migas de tomate, coentros, hortelã, feijão com couve...
sendo as de espargos as mais pedidas e a referência da zona. Talvez por estarmos na altura dos espargos; talvez por esta ser a zona de referência para os mesmos.
Nós por cá escolhemos Cabeção. Vila pacata, cheia de casas alentejanas rasas e toda ela rodeada por vinhas.
_Que luxo, uma vila ter a sua própria rota dos vinhos.
À entrada da pequena vila, virando na primeira à esquerda, encontrámos um restaurante que fazia parte do festival: Solar da Vila.
Não tivéssemos chegado por volta das 12h00 e já não apanhávamos mesa. Eram 13h e já havia fila à porta.
Ambiente calmo e bem ao estilo de tasca alentejana. À mesa uma couvert de paiola, queijo de ovelha e torresmos (tudo da região).
Pegamos na carta e uma imensidão de tipos de migas, salta-nos aos olhos: entre migas de hortelã, coentros, tomate, couve e feijão.
_Começo a por em causa a escolha das famosas migas de espargos._Admito em voz alta.
Mas...rapidamente este dilema é desbloqueada pelo acompanhamento:
Lagartos!
Aquelas tiras de carne suculenta com pequenos rasgos de gordura, cuja a função é apenas e simplesmente dar mais sabor à carne. Esta carne realmente tiram-me do sério. Se tivesse que identificar a minha forma favorita de comer porco preto, sem duvida que seria esta.
Lagartos!
Entre um copo de vinho da casa, (criando boa impressão ao primeiro golo, envolvente e frutado, mantendo-se consistente até ao fim da refeição) e as entradas, íamos entretendo o paladar à espera das migas.
O vinho deixou uma boa impressão da zona!
Já tinha ouvido falar do vinho desta região. É raro encontrar em supermercados, talvez pelas quantidades produzidas, talvez pelo consumo regional, talvez pela preguiça dos alentejanos em o registarem (piada). Mas este vinho encorpado, de cor carregada e um paladar fácil de apreciar caiu bem.
Ficámos a saber que as migas eram feitas na hora, dada à longa espera. Mas valeu a pena.
Em travessa de barro simples, ao estilo Alentejano, com uma fila grossa de migas enfeitada com rodelas de laranja e ao lado, num monte como batatas fritas, aninham-se como podem, as tiras dos deliciosos lagartos.
O sabor a espargos estava bem presente, a consistência no ponto, mas aquela pequena crosta rija na parte de fora fez falta (já comi várias migas e em várias zonas do Alentejo, umas com, outras sem essa "crosta" salgada de banha de porco, mas as melhores são que a têm, esta dá mais piada ao prato, sem dúvida).
Os lagartos nunca desiludem, tenros e grelhados na perfeição, com aquela gordurinha a dar o sabor certo.
Para sobremesa: Nada, não vais ficar com fome.
_Até para o ano Sr.João, ou quem sabe, até para a semana.
Agradável:
O Vinho da casa e os lagartos
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