É com certeza um cachorro à Portuguesa

A convite do próprio Chef João Sá fui jantar ao cachorro à portuguesa, um cachorro com promessa de inovador e com ideias totalmente Out of the box , como salsicha de beterraba ou salsicha de bacalhau. 
Projeto inovador e uma sobremesa original, com hipótese ser intitulada a melhor de Lisboa (uma espécie de pastel de nata decomposto, cuja a nata vem em espuma, tornando tudo mais suave).
Claro que qualquer uma destas propostas me deixou com vontade e assim que tive tempo, marquei hora e dia.

Cachorro à Portuguesa de seu nome; bem localizado, em pleno Príncipe Real; o ambiente é todo um mix de moderno e rústico, caprichando nas lâmpadas com cores enferrujadas e cadeiras confortáveis tudo com tons castanhos, tornando o ambiente ameno. ( mais tarde percebi que ligando e desligando, serviam para indicar que estávamos prontos para fazer o nosso pedido)
Com um atendimento fantástico com aconselhamentos a encaixar que nem uma luva nos nossos gostos, optámos por um pequeno croquete de tremoço para entrada e um Cachorro de beterraba e outro de bacalhau. A sobremesa nem era necessário apresentações, a espuma de pastel de nata já estava na cabeça desde que abri aquela caixa de VHS pela primeira vez.
 O croquete de tremoço estava agradável, crocante e com um suave sabor a tremoço, mas foi necessário recorrer ao molho de mostarda com mel da casa, para lhe dar alguma piada. Relativamente aos pratos; São realmente surpreendentes, posso dizer que o cachorro "bacalhau vai com todos" é algo surpreendentemente delicioso. A conjugação dos ingredientes com o sabor explícito do bacalhau, em pão de cachorro e comido com a mão deixou-me muito feliz " aqui está uma criação inovadora!".
O cachorro de beterraba, apontado como uma excelente e inovadora hipótese vegetariana, é também muito agradável. O sabor a beterraba, está contido e equilibrado, mas a ausência de acompanhantes irreverentes, fez deste cachorro um exemplar demasiado suave e básico. Na minha opinião necessitava de uma pequena explosão: Um Pickel; um molho amargo; um limão cristalizado ou mesmo algo como um bacon vegan bem crocante... Algo mais! 


Nos acompanhamentos, pedimos batata doce frita ( cortada em rodelas finas, garantindo o equilíbrio de sabor ) e os legumes grelhados. Aqui senti a necessidade de um vinagrete ou mesmo um tempero básico de azeite sal e vinagre; apesar de muito bem grelhados o sabor a legumes prevalecia demasiado, tirando alguma piada a este acompanhamento.
Chegado o fim, sem apresentações nem demoras lancei-me à espuma de pastel de Nata. Apresentada em frasco de leiteira com pedaços de massa folhada por cima e salpicos de canela. A primeira colherada esclarece tudo, "A espuma torna a sobremesa muito mais leve" o sabor está todo lá, é um verdadeiro pastel de nata, mas de forma diferente. Colher a colher apercebo-me que no fundo apresenta como que uma base de massa folhada ainda mais crocante que a de cima, aliviando o doce e completando a sobremesa na perfeição. Mas com o tempo apercebi-me que era demais, o excesso de espuma, torna-a enjoativa. Um frasco com metade do tamanho era perfeita.