Wahaka

09:22:00




Estou em Londres!
Os autocarros têm dois andares, o tráfego de pessoas no metro[Underground] é enorme, assim como as linhas.
Nas ruas vê-se os estilos mais alternativos e IN da Moda, nos vários parques e jardins, esquilos e nas enormes avenidas, inúmeras restaurantes (aqui a oferta gastronómica é enorme).

Estou alojado em Brixton! Admito ter escolhido este sitio pelo preço dos quartos e facilidade de chegar ao centro da cidade, mas rapidamente começo a descobrir o potencial desta zona. Desde mercados com restaurantes de todo o Mundo, passando por um pequeno “armazém” feito de contentores de camiões [Pop Brixton], com um ambiente super Chill, até antigos cinemas reabilitados e transformados em esplanadas com vistas panorâmicas ...Bom! vou ficar por aqui porque este post não é de Brixton, mas sim de um restaurante, chamado Wahaka...

A explorar a zona de mochila as costas, mais à procura de um Oyster card do que outra coisa, passo no meio de um mercado inundado de restaurantes, culturas e gente feliz.

_Quem sabe encontre por aqui algo interessante para comer.

Tudo é diferente, realmente, num lado Hamburgueres gourmet, mais a frente, uma bandeira Columbiana, na primeira esquina comida vietnamita…. Mas nada me faz o “Click”.

“Apetece-me algo saboroso, condimentado, forte, explosivo e natural … naturalmente saboroso”

Paro num café para beber um Chá rápido para repor as ideias (sim esta viagem foi o El Dourado do Chá! Acho que fui apanhado mais vezes com um copo de chá na mão do que um sorriso na cara! e eu que sou bastante sorridente). Na mesa ao lado, uma rapariga com cabelo encaracolado fala de um restaurante cujo o dono terá ganho o MasterChef UK. Como que um infiltrado meto a orelha esquerda ao lado do Jornal que o namorado segura! Por momentos olho para o Titulo “ Manchester contrata Mourinho”, mas isso agora não é prioridade, deixemos o Mourinho para mais tarde. Wahaka é o nome que sai dos lábios dela, como que desenhado pelo fumo exalado após uma passa no cigarro. Dou uma pequena pesquisa na net e apercebo-me que estou apenas a uns metros…

 
Um ultimo golo no chá e saiu disparado. Dou a curva na esquina e bato de frente com um edifício malhado em cores alegres mesmo por baixo da linha férrea do comboio!
Abro a porta e lá está, o lugar que procurava. 

Descontraidamente vem direito a mim um rapaz a perguntar se quero beber algo com ele e com a sua ex-namorada (tinham terminado a relação à minutos, segundo ele), mas rapidamente apercebo-me que do teatro e vejo que ele é o rececionista e ela a empregada de balcão (tudo uma tática para me colocar mais a vontade).
O local em si não poderia ser mais envolvente…Tequilha desenhada na parede, caveiras mexicanas no teto, bancos de todas as cores, espalhados por todo o lado…





“Realmente já bebia alguma coisa, o chá deixou-me a língua meio seca”.






Chamo o rapaz e peço que me aconselhe algo “ a minha experiência com comida mexicana ainda está no inicio, apenas tenho uma ideia”.
Começa a falar-me de uma cerveja com tequila, mas rapidamente tira um cartão do bolso!

_ Para comer entre todo o Menu na mesa, tens estas duas novidades! 
Estão à experiência.

Dou uma vista de olhos e escolho a que têm cordeiro! Mas apetece-me provar algo mais, talvez algo vegetariano, algo com um sabor exótico, diferente… olho rapidamente para a carta e vejo a palavra “cactus”… Está feito!

_Sim Cato, hoje irei comer uns tacos de “slow cooked lamb shoulders” e umas farjitas de cato.

Até à data, diria que já tinha provado pura comida mexicana, até porque durante 4 meses vivi ao lado de um mexicano, que todos os fins de semana fazia kejadilhas, tacos, farjitas. Tudo carregado com picante (tenho a ideia que foi aí que comecei a gostar tanto de picante).

_No México, as crianças comem chupa-chupas de malagueta (dizia ele!)

Realmente o processo de confeção do molho, era demorado e apurado, o picante ficava realmente picante e com um sabor natural… A minha ideia de comida mexicana ficou como sendo saborosa, picante e rápida.
Mas a experiência Wahaka, leva o sabor ”natural” ao extremo.


Primeiro chegam as farjitas de cato. Pequenas tortilhas de milho com refogado de cato, rasgado por uma tira de queijo tostado, ligado por um molho suave em tons avermelhados e salteado por coentros (só para meter alguma frescura e os olhos a brilhar). Dou uma dentada no primeiro e tudo parece fazer parte da mesma peça, tudo combina na perfeição! Dou a segunda dentada e já era!

 Entretanto chegam os tacos. Carne mais tenra…Pura carne de cordeiro desfiada, cozinhada lentamente durante horas, com um aroma picante. Para dar alguma piada ao prato um toque de laranja e para finalizar com algo crocante, umas tiras de coleslaw. 
Não sabia como lhes pegar, mas tinha de ser à mão. Até porque tinha duas hipóteses:
(1) Comer com talheres e separar o prato em partes; 
(2) Sujar-me todo, mas começar uma revolução de sabores na minha boca. 

Podem imaginar, o bailado de sabores na minha boca. A musica ambiente, os dedos a serem manchados pela os molhos dos tacos e das farjitas e tudo isto com um sorriso na cara e boca cheia! Se me tivessem tirado uma foto, esta sim seria a foto ideal de um foodie.



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