A Tasquinha do Zé
08:40:00
O que me dizem da Capital
Alentejana?! Todos nós sabemos que Évora se está a tornar cada vez mais
turística e a procura de restaurantes típicos é um requisito a ter em conta,
principalmente, para um turista gastronómico como eu!
Ao virar da esquina num
beco sem saída, uns passos em frente, olho para a direita e um pequeno
restaurante, "pacato". Olho para ela e vejo a expressão espelhada no seu
rosto de como quem diz “porque não? Arriscamos?”. Eram 15h e a minha
barriga já dava horas.
Abro a porta e deparo-me
com um restaurante vazio. À minha frente apenas uma bancada em madeira, uma vitrine
com refrigerantes e por trás uma porta para a cozinha. Ao fundo algumas garrafas de
vinho em pé, tal como costumamos arrumar em casa.
_Boa Tarde, ainda há
hipótese de trincar algo? (falo para dentro da cozinha, com esperança de
encontrar alguém)
De imediato sai da porta
uma senhora apressada e sorridente que responde com um enorme sorriso:
_Sim, sim, já só não temos o
ensopado de Borrego.
Num pequeno quadro de
giz, pendurado na parede, está escrita a pequena ementa com cerca de 7 pratos,
outros tantos de petiscos mas todos eles típicos da região. De imediato paro no
3º….”Migas com carne de porco-preto”. Tudo à volta se ofusca, o som começa
a diminuir de tom, as letras tornam-se cada vez mais nítidas e água começa a
crescer na boca.
_Qual o vinho da casa?
(sim tenho que acompanhar esta refeição com um bom vinho)
_Aqui temos várias
garrafas a copo, escolha a que mais lhe agradar (aí percebi as garrafas ao
fundo do balcão)
Olho à volta e noto que o
espaço é realmente pequeno mas bastante acolhedor. Composto por apenas 3 mesas,
uma de 4 outra de 2 e uma última de 1. Rápidamente nos sentamos na mesa de 2
(como se alguém nos fosse roubar o lugar às 15h15 da tarde).
_Aqui come-se cedo,
ahah. Diz a senhora simpática.
Uma Azeitona aqui, um
pouco de pão ali, um golo de vinho para testar….e chega a hora.
Uma caçarola de Barro,
dividida apenas em duas porções, uma de carne, outra de migas.
_Têm piri-piri da casa!?
_Temos sim senhor!
Dou a primeira garfada nas
migas…Suaves e consistentes com um toque de gordura, certamente do porco. No
ponto em termos de sal de pimenta e tempero. No ponto na minha boca! Logo de
seguida pego num naco de carne, sem cortar nem nada, meto-o na boca e começo a
mastigar como consigo, “esta carne é fantástica, só pode ser porco preto”.
Levei pelo menos meia hora para deixar o prato limpo e valeu a pena. Acreditem ou não, nesse dia apenas jantei uma sopa, foi aí que percebi o porquê dos alentejanos terem tanta energia para trabalhar e tanta vontade de dormir a sesta a tarde! Tudo se conjuga ... No campo trabalha-se, na cama dorme-se, na cozinha cozinha-se, no prato saboreia-se! O Mundo… esse continua a rodar, como se nada fosse.
3 Comentários
Sr. Nabo Gourmet, devo dizer que gosto muito da forma como descreve as suas experiências gastronómicas,leva-nos logo a querer experimentar e partilhar consigo, particularmente por encontrar lugares menos "mainstream", onde o simples em nada se associa a pouca qualidade ou atendimento rude,o que faz toda diferença.
ResponderEliminarOlá Ellis.
ResponderEliminarTrata-me apenas por Nabo.
O melhor está para vir :)
Ok, Nabo, aguardamos expectantes pelo que está por vir :)
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