O FUSO
08:29:00
Com uma semana de antecedência, dia marcado e hora para
arrancar.
Ocasião: Almoço de Amigos
Destino: O Fuso (Arruda dos Vinhos)
Razão: Um dos melhores bifes a nível nacional e uma posta de
bacalhau de encher o prato.
Saímos cedo, porque já tínhamos sido avisados de antemão que
a fila à porta é algo certo a partir das 13h00.
Chegámos por volta das 12H00, pelo que escolhemos o lugar.
Demos uma volta pelo restaurante.
À entrada um, único, homem controlava todo o processo na
grelha, desde as brasas aos bifes, mantendo o lume forte e uniforme, cobrindo
toda a peça, fosse ela de peixe ou carne.
Em frente deslumbramo-nos com uma sala iluminada, toda ela, por
luz natural, coberta por azulejos Portugueses. À volta uma escadaria
circundante, dando acesso a uma varanda interna.
Mas optámos por uma sala mais rustica! Na entrada à direita,
a sala que à primeira vista mais parecia banal e sem interesse, foi-se deixando
mostrar ao longo do almoço. Um fuso enorme, divide a sala, no centro
surge uma pequena sala, que em tempos terá sido um escritório. Nos dias de hoje
é um pequeno casulo, onde famílias se reúnem para almoçar de forma privada e
fora dos olhares dos restantes mortais (diria que a capacidade não
ultrapassaria as 8 cadeiras). No resto da sala, desde mesas suportadas por
troncos de árvores a cadeiras trabalhadas à mão, completavam a decoração.
_O que vão desejar, para entrada? Um presunto, uns enchidos,
um queijo da região?
Entre todos concordamos com os enchidos. Este incluía morcela,
linguiça e um pouco de
chouriço.
(É relevante dizer que a rainha ali, foi sem duvida a
morcela)
_ Para beber?
_Vinho da casa!
Zona da Arruda dos Vinhos, “Vinho da casa é bom certamente!”,
dissemos em coro.
Enquanto petiscamos as entradas, pegamos na ementa para
escolher o prato principal. Simples direta e intuitiva!
_Um Bife e um Bacalhau à Fuso!
Assim que os minutos começam a ser consumidos, em simultâneo
com a linguiça e a morcela, as salas começam a encher. O que à minutos atrás
era uma sala de luz natural sossegada e silencioso, era agora um convívio de
gargalhadas, sons de talheres e copos a brindar.
_Já viram a fila? Fizemos bem em chegar cedo.
Viro-me para constatar o facto, mas não tenho tempo para
tal. No meu campo de visão surge um naco de carne, alto, numa tábua, a passar (como
que elevado no ar).
_1,2Kg de pura carne de qualidade, meus senhores!
O Ultimo pedaço de linguiça esconde-se, assim que o bife é
pousado na mesa, como se com medo ficasse. Já só tínhamos olhos para aquele
bife!
Como se não chegasse, uma travessa enorme de metal, a
suportar uma posta de bacalhau em cama de azeite e coberta de alho, é também pousada
na nossa mesa.
“Digam-me um Homem que não goste de alho…” diz a chef Catarina Silva incansavelmente nas aulas de culinária.
(Bife) Que carne tenra e saborosa! Malpassada, como pedido,
facilmente se desfaz na boca. Uma autentica iguaria para os amantes de tártaro,
um pesadelo para os mais esquisitos que só gostam de carne bem passada.
O bacalhau diria que estava médio malpassado. A desfazer-se
em lascas consistentes e com um rasto de gordura (fazendo lembrar o queijo de
uma fatia de pizza).
Ali quem manda é a gula, não a fome!
Levanto a cabeça, respiro um pouco e vejo que a sala encheu.
A fila vai até à rua, e são duas da tarde.
Sem dizer uma única palavra, satisfeitos, saciados e com um
ultimo olhar de aprovação para o homem do assador, saem pela porta grande! Na
cabeça um único pensamento “temos de cá voltar!”
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